Um mistério chamado Bienal de Alcobaça
- João Guilherme Ferreira
- 8 de nov. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de nov. de 2018
Foi em Julho de 2015, numa das primeiras visitas que fiz a Alcobaça, que me deparei com um evento excepcional: Bienal de Alcobaça, com o nome oficial “Rabiscuits, bienal de arte experimental”.
O evento decorria em vários pontos da cidade que abriam as portas para receber os mais curiosos. Lembro-me de visitar exposições em edifícios devolutos e viver experiências culturais riquíssimas. As ruas adjacentes ao Rossio enchiam-se de diversas obras de arte.
O evento espantou-me por vários motivos, o principal foi sem dúvida o facto de uma pequena autarquia local longe dos centros de poder apresentar um evento cultural tão rico. O entusiasmo foi tanto que fiquei à espera da edição seguinte.
Esperei, esperei e nada. A 8ª edição da bienal devia ter acontecido em 2017, mas estamos a chegar a 2019 e nada aconteceu. Um evento culturalmente tão rico desapareceu da oferta cultural do município.
Na pequena pesquisa que fiz, e confesso que por falha minha não contactei a autarquia, não há referências ao evento para além do site deixado pela organização. No rabiscuits.blogspot.com apenas se encontra o arquivo daquilo que foi feito ao longo das últimas sete edições.
Estas linhas não são uma crítica, apenas a constatação de um facto: um evento cultural de grande dimensão desapareceu. Certo que poderão existir várias justificações para o facto, mas, pessoalmente, este evento deixou-me água na boca.
Certo é também que a oferta cultural no concelho é bastante enriquecedora, diferenciada e constante. Do teatro à literatura, do cinema à música, os alcobacenses não se podem queixar de falta de actividades.
Sempre que vou à cidade vejo um bom cartaz de cinema, com filmes acabados de estrear. É certo que há poucos horários de exibição, mas conheço muitas cidades que nem uma sala de cinema têm.
Numa altura em que se aproxima o evento mais badalado da cidade é importante não esquecer que as autarquias devem trabalhar na lógica de um enriquecimento cultural das populações. Os grandes eventos para turista ver são essenciais, mas o bem-estar do munícipe deve ser a prioridade.
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