Ana Valente: "As crónicas revelam que há muito para vivenciar em Alcobaça "
- Miguel Gabriel
- 19 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de jan. de 2020
À conversa com a cronista do Alcobaça Digital.

Assume-se naturalmente como uma contadora de histórias. Foi, durante 11 anos, jornalista na TVI. Agora, faz assessoria de imprensa. Como seria de esperar, é natural de Alcobaça há 34 anos, e é uma autêntica apaixonada pela Cidade do Amor, onde regressa sempre que pode, porque é pelas Terras de Cister que se sente em casa. São as memórias e as curiosidades da região, ou seja, o passado e o presente, que inspiram as crónicas “Por instantes”. Instantes de Alcobaça para todos.
Passou mais de um ano, desde o início da sua colaboração com o Site Alcobaça Digital. Contamos vinte e quatro crónicas, ou memórias, como gostamos de chamar. É este o mote, para uma boa conversa com Ana Valente. E ainda mais interessante, num local especial, tanto para quem realiza a entrevista, bem como para quem está a ser entrevistado - a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Passou mais de um ano, desde o início da sua colaboração com o Site Alcobaça Digital.
Está a ser um desafio muito giro. Acima de tudo fui buscar memórias, fui redescobrir lugares, fazer pesquisas e voltar aos sítios de que falo em cada texto. É curioso sentir que há muita coisa que se pode contar. Está a ser uma grande aventura, porque é bom sentir que alguém de Alcobaça [Miguel Gabriel] convida alguém, também natural da cidade, para contar histórias e assim a trazer e reportar outras perspectivas do concelho. É também um grande gosto, porque gosto muito de Alcobaça e esta é uma forma de me ligar ao meu "cantinho". No outro dia fui ao rossio, olhei à minha volta e pensei: a minha vida está aqui. Há uma interação, sem dúvida. Eu acho que o Alcobaça Digital foi-se tornando aos poucos uma referência. Eu acho que as pessoas se identificam com as ofertas do concelho que são propostas, mas também com os artigos que relatam aquilo que se passa na região. É uma questão informativa acima de tudo, mas é uma relação de proximidade, uma relação mais bonita. As fotografias são bonitas, a ideia de mostramos não só o que se passa no centro de Alcobaça, mas também revelar o que se passa em todo o concelho é uma mais valia. O Alcobaça Digital cresceu, criou identidade, as pessoas já não são indiferentes à existência do site.No futuro, a tendência é para aumentar essa mesma dinâmica de referência. É para ser levado ainda mais a sério. Porquê? Por ser feito por jovens. Muitas vezes, as pessoas têm a ideia de que Alcobaça não tem nada para oferecer. E este projeto consegue mostrar o contrário: que há muito para fazer e que pode ser ainda mais atrativo para os jovens.
A música dos The Gift diz: "há mais amor ali". Achas que este nosso afastamento durante a semana da cidade faz-nos entender de forma diferente este amor e que há ali, efetivamente amor.
Aquele é o nosso lugar e confesso que, muitas vezes, é a minha fonte de energia. Não só pelo facto de a minha família estar toda lá, os meus pais sobretudo, e também, porque Alcobaça representa as memórias da minha vida. Eu vivo e trabalho em Lisboa, mas não é aqui que eu tenho as raízes. As raízes estão lá. Aquela é a cidade do amor, é a cidade da tranquilidade, da serra, do mosteiro, é a cidade em que toda a gente se junta, como descrevi na primeira crónica, noutros tempos ali mais ou menos ao pé do tribunal, e vai até lá abaixo ao mosteiro.
Há alguma crónica especial?
A primeira, precisamente. Primeiro, porque foi bom recordar aqueles momentos, em que íamos desde o tribunal até ao Tertúlia. Foi maravilhoso relembrar aquela rotina e aquele grupo. Depois, esta crónica foi escrita "num apice", dando sinal de que a memória estava bem viva. Mas muitas outras crónicas também têm um carácter especial. Como aquela em que contei a preparação da viagem de finalistas do quarto ano do Jardim Escola até ao Algarve. Também aquele texto sobre a reportagem que fiz pela TVI nos Doces Conventuais. Desta guardo um carinho especial, pelo início do meu percurso como jornalista. É muito giro chegares à tua terra e as pessoas reconhecerem que fazes “aquilo”, com carinho e profissionalismo. Muito recentemente, também recordo com carinho o texto que escrevi no âmbito da votação dos doces de Alcobaça nas "7 Maravilhas de Portugal", porque recordei as férias, em que ía para São Martinho do Porto com as amigas que, por acaso, uma delas reencontrei há pouco tempo.
Estás numa altura de recomeços. Como está a ser a mudança?
Para já, devo dizer-te que o caminho até aqui, à FCSH, desde a estação de Entrecampos, foi mais um reviver. Já há dois anos que não fazia este caminho. Estamos na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde me licenciei e onde tu estás a realizar os teus estudos também. Há aqui uma ligação curiosa. Amanhã [início de Outubro] vou começar uma nova fase da minha vida, que implica mudanças em várias dimensões. Vou deixar de contar histórias de uma maneira, para passar a contar de outra. Vou fazer comunicação externa e interna de uma instituição, que vou ter de conhecer de "fio a pavio". Há um saudosismo, porque fechei um ciclo da qual me orgulho muito e há alguma ansiedade, com “borboletas na barriga”. Mas estou muito entusiasmada.
E os Portugueses que deixam de ouvir a Ana Valente?
Mas eu passava “pelos pingos da chuva”. Felizmente. Acredito que só os que privam comigo, os mais próximos, vão sentir a falta da minha voz. A partir de agora vão passar a “ouvir-me” de outra forma. Pela escrita.
Comments