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A viagem

  • Foto do escritor: Ana Valente
    Ana Valente
  • 25 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

No horizonte está a viagem de finalistas. Três dias fora de casa. Sem os pais, só uns com os outros. A turma quase toda. E, claro, com a professora Cristina. Objetivo: fazer intercâmbio com outra escola. Com outra turma da nossa idade.

Somos convidados. Fica bem levar um presente aos anfitriões, que nos vão receber, depois de mais de 350 quilómetros de autocarro. Decidimos levar-lhes a “nossa terra”. Decidimos fazer um filme. Um filme em que nós, os alunos atores, contamos uma história. Na verdade, várias histórias sobre a nossa terra. Histórias que a caracterizam. Numa só viagem. Do património histórico ao património local.

E essa viagem começa com música. A inevitável. “Quem passa por Alcobaça”, de Maria de Lurdes Resende. Cantiga que acompanha uma viagem de carro. Parte de uma das entradas da cidade, da placa que diz “Alcobaça”, na nacional 8, e segue pela Avenida Bernardino Lopes de Oliveira até ao Mosteiro.

É no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça que se faz a primeira visita. A nave principal, o altar, os túmulos de Dom Pedro e Dona Inês. O claustro Dom Dinis. As salas. Cada local acompanhado por uma explicação.

Depois, o vinho. O Museu Nacional do Vinho mostrado ao pormenor, com visita guiada.

A chita de Alcobaça, gravada e caracterizada, numa das lojas do centro da cidade, e ainda os trajes típicos da região serrana, gentilmente cedidos pelo Rancho Folclórico dos Moleanos.

Imagens da Serra de Aire e Candeeiros e das praias da região. Os pomares das maçãs de Alcobaça.

Não falta a gastronomia típica e a doçaria conventual, gravadas na cozinha e no refeitório da nossa escola. Duas propostas: o frango na púcara e o pudim de ovos, cujas receitas e lista de ingredientes estão escritos à mão em cartolinas.

No total, uma hora e meia de filme com outros tantos cenários e histórias contadas por nós, todos, em plano, em frente à câmara.

Uma hora e meia de filme realizado em várias semanas de trabalho. Grava e repete, inúmeras vezes. Nervos e sorrisos. Textos escritos e depois decorados. Textos ditos em frente à pequena câmara de filmar.

O projeto foi planeado de forma meticulosa e pensado por todos. No final, ficámos orgulhosos do trabalho de equipa que protagonizámos. Do filme. Do presente que entregámos aos amigos que nos receberam.

Um filme. Numa VHS. Na frente da caixa da cassete colocámos um postal do nosso mosteiro e na parte de trás assinámos todos, os nossos nomes, à mão. Uma verdadeira ficha técnica.

A Vânia. A Susana. O João. A Diana. O David. O Carlos. A Ana. O João. O Rui. A Sílvia. A Liliana. A Joana. O João. O Tiago. A Joana. A Diana. O Cristóvão. A Cátia. A Ana Rita. A Inês. O Filipe. A Patrícia. A Catarina. A Inês. A professora Cristina.

No final do ano letivo, já depois de termos regressado da viagem de finalistas (a primeira das nossas vidas) cada um de nós ficou com uma cópia desse filme.

Tínhamos 10 anos. Estávamos no final do 4º ano. Fomos até ao Algarve, conhecer os amigos do Jardim Escola João de Deus de Faro. Em 1995. Há 23 anos.

Hoje, as (velhinhas) cassetes em VHS já não se usam. Hoje, há muitas formas de levar Alcobaça a qualquer lado. O importante é “levar” para dizer que a nossa terra está aqui e que se recomenda. O importante é “levar” a nossa terra onde quisermos e aí fazer o convite para uma visita. Uma visita que certamente se repetirá. Já dizia a canção: Quem passa por Alcobaça, não passa sem “cá” voltar.

 
 
 

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